Todas as histórias têm um nome, estas quatro mostram a possibilidade após a chegada a Portugal. Há mais histórias, quer ajudar-nos a criá-las?

As histórias que precisamos de ouvir viajam rapidamente quando é a nossa sobrevivência que está em causa, e por isso quando Ismael fugiu do Sudão no verão de 2016 certamente sabia que desse momento para a frente, o caminho até chegar a um lugar seguro seria mais longo do que o ideal. Escrever nestas linhas que Ismael, de 21 anos, nos disse que foi difícil chegar “até aqui” – Portugal -, e que foram necessários quatro anos para encontrar uma nova estabilidade é um resumo muito ingrato da sua experiência.

Até ter sido acolhido no nosso país em 2019, fugiu da guerra no Sudão, trabalhou numa mina de ouro no Darfur e depois na Líbia, para ganhar o dinheiro suficiente e pagar aos traficantes o seu bilhete de entrada na Europa, a bordo de um barco frágil que navegou, sem garantia alguma de sobrevivência, até Lampedusa.

O percurso de Amal e Mustafa, um casal sírio que chegou a Portugal em janeiro de 2016, e da família de Jaafar, no nosso país desde setembro de 2016, é semelhante ao de Ismael: também eles fugiram da guerra à procura de tranquilidade e futuro.

  • A primeira família acolhida pela PAR chegou a 17 de dezembro de 2015

  • Até hoje, acolhemos 163 famílias refugiadas: 378 adultos e 381 crianças

Estamos certos que está a par deste tipo de histórias: durante o pico da crise humanitária eram os seus rostos que abriam noticiários a dar conta dos desafios que cada refugiado atravessa até chegar a um local que lhe devolva tranquilidade, mas há coisas que ficam por contar: fica muitas vezes por contar o que sucede depois da chegada a Portugal e é aqui que nós, Plataforma de Apoio aos Refugiados, entramos em cena.

Nós e você que nos lê. É que Ismael vê pela primeira vez o sonho de prosseguir os estudos como engenheiro civil para “construir coisas novas” como uma realidade, porque a dada altura alguém acreditou nele: acreditaram os Missionários da Consolata, Instituição de Acolhimento parceira da PAR, que desde a primeira hora se comprometeu a acolher e auxiliar o projeto de vida deste jovem sudanês; acreditaram os voluntários que disponibilizaram o seu tempo para ensinar-lhe português.

Amal e Mustafa têm atualmente uma vida normal em Carcavelos e olham para o futuro com perspetiva e segurança porque a comunidade acolheu-os com gentileza e aceitação: Amal conta que as filhas do casal nunca se sentiram deslocadas da comunidade por usarem um jihab a tapar a cabeça, sendo que os amigos, os colegas, os professores, foram instrumentais neste processo de integração. A Jaafar, Portugal devolveu-lhe os sonhos: quer ser médico porque quer salvar vidas: “Quero ajudar para que não morram mais pessoas”, conta-nos.

As dificuldades persistem, daí a necessidade de continuarmos a fomentar ativamente a criação de comunidades de hospitalidade para auxiliar o processo de integração destes refugiados e motivar, como sempre, a sociedade a unir-se em prol deste programa de acolhimento.

Nós acreditamos. E você, acredita?